A inflamação crônica é a raiz para as principais doenças do século XXI que incluem hipertensão, obesidade, diabetes tipo 2, doenças auto imunes, depressão e câncer. As causas são diversas e os gatilhos mais comuns englobam infecções crônicas, sedentarismo, estresse, disbiose intestinal, estilo de vida inadequado, e claro, a repetição inadequada de escolhas alimentares com elementos inflamatórios dia após dia.
O importante não é destacar cada gatilho separadamente e tentar trata-lo de uma forma isolada. Para sermos bem realistas, não existem casos comprovados de uma pessoa que dorme em plena saúde, com metabolismo saudável e , na manhã seguinte acorda obeso ou hipertenso. Se hoje a inflamação crônica é considerada o mal do mundo moderno surge a necessidade urgente de cuidarmos do nosso corpo evitando fatores que provocam esse processo inflamatório.
E como começar? Vamos começar do intestino. Muito além de digerir, absorver e excretar, o intestino está ligado a diferentes órgãos no nosso organismo como cérebro, músculos, tecido adiposo, pele, coração, fígado entre outros. Isso significa que se nosso intestino não está bem, consequentemente estes outros tecidos também não estarão, e em grande parte o que intermedia isso é o processo inflamatório.
Ou seja, quando temos escolhas alimentares que alteram o microbioma e a permeabilidade intestinal, ou melhor, que prejudicam a saúde do nosso intestino ativamos fatores como o NF-kβ e começamos a produzir citocinas pró-inflamatórias como TNF-α, IL-1 e IL-6, que agravam o processo inflamatório e prejudicam o metabolismo.
Estas citocinas alteram a saúde metabólica e podem causar resistência a insulina (RI) e a leptina, dois pontos chaves no processo de emagrecimento. A RI prejudica a utilização de glicose como fonte de energia e estimula o armazenamento de gordura. Já a resistência a leptina , hormônio do apetite e saciedade, altera o comportamento alimentar aumentando a busca por comida e quadros de compulsão.
E não acaba por aí, a inflamação crônica reduz a produção de uma adipocina, conhecida como adiponectina. Em quantidades adequadas em nosso organismo melhora a sensibilidade a insulina, aumenta a oxidação de gordura e reduz a produção de citocinas inflamatórias como TNF-α e IL6 , ou seja, possui atividade anti-inflamatória.
Sem dúvidas, alguns alimentos como açúcares, carboidratos refinados, alimentos ultraprocessados, gorduras trans, excesso de álcool, são capazes de provocar esse efeito negativo no nosso organismo, outros tantos são capazes de melhorar o quadro inflamatório e manter o equilíbrio do metabolismo como: fibras presentes em alimentos de origem vegetal, fitoquímicos presentes em frutas, legumes, tubérculos, vegetais, cacau, uva, alho, boa dose de proteína diária, gorduras anti-inflamatórias presentes em peixes como o ômega 3, gorduras monoinsaturadas presente no azeite de oliva, especiarias como cúrcuma, cominho, cravo da índia, gengibre, anis, canela e chás como Tulsi, matchá, licorice, moringa e tantos outros...
É importante ter consciência dos gatilhos e das consequências que existe na escolhas de cada momento do seu dia e trazer a natureza a seu favor.
REFERÊNCIAS:
BARBOSA, Kiriaque Barra Ferreira et al. Estresse oxidativo: conceito, implicações e fatores modulatórios. Revista de Nutrição, [S.L.], v. 23, n. 4, p. 629-643, ago. 2010. FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/s1415-52732010000400013.
CORRÊA, Telma Angelina Faraldo et al. The Two-Way Polyphenols-Microbiota Interactions and Their Effects on Obesity and Related Metabolic Diseases. Frontiers In Nutrition, [S.L.], v. 6, p. 1-16, 20 dez. 2019. Frontiers Media SA. http://dx.doi.org/10.3389/fnut.2019.00188.
DISABATO, Damon J. et al. Neuroinflammation: the devil is in the details. Journal Of Neurochemistry, [S.L.], v. 139, p. 136-153, 4 maio 2016. Wiley. http://dx.doi.org/10.1111/jnc.13607.
FERRARI, Carlos K. B.. Functional foods, herbs and nutraceuticals: towards biochemical mechanisms of healthy aging. Biogerontology, [S.L.], v. 5, n. 5, p. 275-290, out. 2004. Springer Science and Business Media LLC. http://dx.doi.org/10.1007/s10522-004-2566-z.
FURMAN, David et al. Chronic inflammation in the etiology of disease across the life span. Nature Medicine, [S.L.], v. 25, n. 12, p. 1822-1832, dez. 2019. Springer Science and Business Media LLC. http://dx.doi.org/10.1038/s41591-019-0675-0.
SALLAM, Nada et al. Exercise Modulates Oxidative Stress and Inflammation in Aging and
Cardiovascular Diseases. Oxidative Medicine And Cellular Longevity, [S.L.], v. 2016, p. 1-32, 2016. Hindawi Limited. http://dx.doi.org/10.1155/2016/7239639.
SERINO, Alexa et al. Protective Role of Polyphenols against Vascular Inflammation, Aging and Cardiovascular Disease. Nutrients, [S.L.], v. 11, n. 1, p. 53-64, 28 dez. 2018. MDPI AG. http://dx.doi.org/10.3390/nu11010053.
Obrigada Alê por compartilhar generosamente, tanto conhecimento!!!
🤓 obrigada Ale, adoro ler as tuas matérias! 😘